ETA para o Reino Unido: o algoritmo de pesquisa do Google está a dar prioridade a sites não oficiais e isso pode ser um problema

Na sequência da introdução da Autorização Eletrónica de Viagem (ETA) para o Reino Unido – acerca da qual criámos este guia passo a passo – temos recebido inúmeras mensagens e comentários referindo que o valor é muito superior aos £10 e/ou a inquirir qual o site oficial a utilizar para fazer o pedido.

Se a princípio estranhámos o teor da questão, rapidamente pudemos perceber o que se está a passar. Aparentemente, o algoritmo do Google está a privilegiar sites não oficiais no seu motor de busca, fazendo com que os resultados iniciais de uma pesquisa orgânica acabem por não coincidir com as plataformas governamentais do Reino Unido.

Se olharmos para o exemplo abaixo, resultante de uma pesquisa por “eta reino unido”, podemos ver que nenhum dos primeiros 4 resultados diz respeito ao site oficial ou governamental. No caso dos primeiros 3, tratam-se de sites patrocinados, nos quais os gestores/donos pagam activamente à Google para que lhes seja dada primazia no ranking para determinados termos de pesquisa. Nesses casos, e este é um conselho geral que deve ser aplicado a qualquer pesquisa que faças, tenta sempre evitar os resultados de pesquisa que contenham o termo “Patrocinado” em cima do link, uma vez que estes raramente dizem respeito aos sites oficiais. Isto é válido para qualquer pesquisa acerca de vistos electrónicos e/ou autorizações de viagem, mas também para a compra de bilhetes em atracções turísticas conhecidas.

No entanto, e no caso de pesquisas feitas acerca da ETA para o Reino Unido, nem só os sites patrocinados têm primazia sobre as plataformas oficiais. Atentemos ao caso abaixo, relativo ao primeiro resultado não-patrocinado.

O que suspeitamos que acontece aqui é uma manipulação de uma coisa chamada SEO (Search Engine Optimization). O SEO é um conjunto de técnicas usadas para melhorar a visibilidade e o posicionamento de um site nos resultados dos motores de busca, como o Google. O objetivo é atrair mais tráfego orgânico, aumentando a relevância e a autoridade do site através de conteúdo de qualidade, palavras-chave estratégicas e otimização técnica, colocando-o o mais acima possível, quando fazemos uma determinada pesquisa.

Um destes elementos de otimização técnica é o próprio endereço do site e quanto ele se enquadra naquilo que se ordena ao Google que procure, e é aqui que nos parece existir o problema: uk-eta.pt.

Nenhum dos sites oficiais, quer do Governo Português, quer do Governo do Reino Unido, apresentam um endereço tão “apetitoso” para o Google (ver abaixo), tendo em conta aquilo que se procura. Assim, o Google, em Portugal, vai buscar aquele site que, para além de tocar nos pontos essenciais, tem um endereço quase perfeitamente correspondente com o que se pesquisa normalmente – 99% das vezes, uma variação de “ETA Reino Unido” ou “ETA UK” – logo um site com o endereço uk-eta.pt vai chamar muito mais a atenção do algoritmo que um londres.embaixadaportugal.mne.pt ou www.gov.uk.

Embora este site esteja em primeiro lugar das pesquisas, trata-se na verdade de pouco mais que um intermediário. No fundo, o que esta plataforma se limita a fazer é pedir-te os mesmos dados que o site oficial e submetê-los por ti. De resto, e ao simularmos um pedido neste site não-oficial, o processo é exactamente igual ao descrito no nosso artigo, sendo solicitadas as mesmas informações pessoais e as mesmas fotografias e cópias dos teus documentos. No final, e para além das £10 que custa efectivamente o documento atualmente (passará a custar £16 a partir de 9 de Abril), a plataforma adiciona uma taxa por tempo de processamento que varia entre os £79,50 e os £185,00. Este é o valor a pagar por preencheres exactamente os mesmos dados e passares precisamente pelo mesmo processo do site oficial.

Curiosamente, e embora esta seja obviamente uma táctica que procura aproveitar-se do desconhecimento ou desconforto tecnológico de parte da população, não podemos referir-nos à mesma como um “scam” ou burla. Aliás, se entrares no site, a própria gerência faz questão de mencionar não se tratar de uma fonte oficial, conforme podes ver abaixo. Já diz o ditado – “com a verdade me enganas”!

Para além dos custos exacerbados, há ainda que ter em conta as implicações legais relacionadas com o Regulamento Geral sobre a Proteção de Dados (RGPD), uma vez que não temos qualquer garantia de que todas as tuas fotografias e documentos sejam armazenados de forma segura e não sejam mais tarde vendidos a terceiros a troco de uma generosa quantia. Afinal, todo o cuidado é pouco no mundo digital.

Para o final, a informação mais importante. Oficialmente, o pedido da ETA é feito online através de duas possíveis plataformas:

As autoridades recomendam a utilização da app UK ETA (Android /Apple), argumentando que o processo é ainda mais expedito se utilizares esta ferramenta oficial. Curiosamente, e pela nossa experiência, fazer o pedido pela app é ligeiramente mais complicado que fazê-lo pelo site oficial – que é a via alternativa. Seja como for, estas são as duas únicas opções que deves considerar!

Todas as restantes dizem respeito a intermediários que te irão cobrar mais pela mesma coisa… mesmo as que aparecem primeiro no Google!

Leitura recomendada: ETA para o Reino Unido (UK ETA) – Guia Completo: Como Fazer e Custos Atualizados