Itinerário completo com direito a roteiro de 8 dias no Peru. Inclui menção a cidades e pontos turísticos a visitar para quem procura o que fazer no Peru em 1 semana.
Este roteiro de 8 dias no Peru faz parte do nosso Guia Geral de Viagem ao país. Consulta-o para saberes todas as dicas práticas e informações importantes sobre o Peru, incluindo transportes, hotéis, restaurantes e documentação de viagem.
Tendo em conta a vastidão do país e o tempo perdido na estrada (bem como a inacreditável quantidade de locais para visitar), confirmamos desde já que 8 dias no Peru é um período demasiado curto para tirar o melhor da Terra dos Incas. Ainda assim, se 1 semana é tudo o que tens, queremos ajudar-te a aproveitar a experiência ao máximo. Como tal, será necessário manter o ritmo acelerado, mesmo que a tua aventura se cinja apenas aos essenciais: Lima, a capital (onde aterras); Cusco, com direito às day trips obrigatórias a Machu Picchu e ao Vale Sagrado; e Arequipa, sendo as deslocações feitas com recurso a voos internos.
Posto isto, se estiveres à procura de itinerários um pouco mais completos e tiveres tempo de sobra, és sempre bem-vindo a dar uma vista de olhos nos nossos roteiros mais longos do Japão:
Ainda assim, e sem mais demoras, apresentamos-te as cidades e atracções que deves visitar num roteiro de 8 dias pelo Peru.
Acabadinho de aterrar em Lima, vais aproveitar o teu primeiro dia no país para te ambientares aos encantos Peruanos. Longe das imagens estereotipadas das alpacas, das ruínas Incas e das vestes coloridas dos indígenas, a capital Lima é um mundo à parte do resto do país, ou não vivesse aqui cerca de um terço da população total do Peru. Ainda assim, e embora não haja sequer comparação, a gigantesca metrópole tem também os seus momentos, pautados pela arquitectura colonial da baixa ou pela linha costeira de Miraflores e Barranco. Aliás, a tua primeira paragem terá precisamente lugar no Centro Histórico, a zona da cidade inicialmente tomada pelos Espanhóis e desenvolvida a preceito. Embora a esmagadora maioria dos edifícios originais tenha sido demolida aquando do terramoto de 1746, este continua a ser o distrito mais antigo e turístico de Lima, com destaque para a Plaza de Armas. Cercada pela Catedral de Lima, provavelmente o edifício mais importante da cidade, pelo Palácio do Arcebispo e pelo Palacio del Gobierno, residência oficial do Presidente, esta praça é considerada o coração da cidade. Ainda no Centro Histórico, vale a pena visitar o Convento de San Francisco e as suas catacumbas, bem como o Mosteiro de Santo Domingo, um dos locais mais bonitos e históricos da capital. Ao passeares pelo casco antigo, recomendamos também que percorras a rua pedonal Jirón de la Union, que mais à frente desagua na Praça de San Martin.
Depois de visto o lado mais antigo de Lima, a tarde será dedicada a gostos relativamente mais modernos e urbanos, começando no Circuito Mágico da Água, no Parque da Reserva. Composto por 13 fontes distintas, este é o maior complexo do género no mundo, com os jatos de água sincronizados ao som da música a criarem um espectáculo de música impressionante, ao estilo dos que poderás encontrar em locais emblemáticos como Barcelona ou Dubai. Ainda mais a sul, já junto à costa do Pacífico, a tua etapa inaugural terminará no distrito de Miraflores, considerado um dos mais trendy e seguros de Lima. Para além do Malecón de Miraflores, um passadiço marítimo com vistas fenomenais sobre o mar (com destaque para o troço designado de Parque do Amor), é também neste distrito que terás o teu primeiro contacto com os lendários locais arqueológicos peruanos. Escondido por entre a selva de edifícios modernos do sul de Lima, o complexo de Huaca Pucllana (S/ 15), formado por um templo em forma de pirâmide, é até mais antigo que as famosas ruínas Incas, pertencendo a uma civilização anterior. Haveria muito mais para ver e fazer em Lima, mas tendo em conta o itinerário apertado, estamos em crer que este itinerário já te dará uma amostra da capital. Afinal, esse dia extra será melhor aproveitado noutras paragens!
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Resumo do 1º dia:
Uma vez que a viagem de autocarro entre Lima e Cusco demora umas boas 20 horas (e isto sem imprevistos) e o resto do roteiro já contempla algumas deslocações rodoviárias bem extensas, recomendamos que recorras a um voo interno. Afinal, ambas as cidades são servidas por aeroportos domésticos e internacionais, com companhias aéreas como a LATAM Peru, a Sky Airline ou a JetSMART a organizarem várias ligações diárias entre elas. Para além disso, e como acontece em muitos outros países da América do Sul, parte destes voos é subsidiada pelas autoridades locais, pelo que os valores são quase sempre consistentes e acessíveis (40€ a 50€), especialmente se marcados com a devida antecedência. A duração do voo não chega a 1h30.
Embora esta solução te permita chegar a Cusco bem cedo, sugerimos fortemente que não faças esforços durante o resto do dia. Afinal, estando situada a 3400 metros de altitude, Cusco é um destino onde muitos turistas se vêm a braços com a doença da altitude (o termo português para “altitude sickness”)! Sem a devida preparação, é bastante comum os viajantes experienciarem dores de cabeça, enjoos, falta de ar e/ou cansaço extremo. Para evitares estes sintomas e ficares prontinho a explorar o mais rapidamente possível, e para além da medicação adequada, deves manter-te hidratado, beber chá de coca (um truque local) e, acima de tudo, não fazer grandes esforços durante os primeiros 2 dias – razão pela qual o dia de hoje será só mesmo para descansar e te ires habituando ao meio.
Afim de tornar o processo de compra de bilhetes mais eficiente e arrecadar alguma receita extra, o Ministério do Turismo do Peru optou por lançar uma série de diferentes circuitos turísticos de Cusco, com um bilhete único a dar-te acesso a um conjunto pré-definido de atracções. Designado de Boleto Turístico General, o bilhete mais abrangente tem o custo de S/ 130 e é válido durante 10 dias, permitindo-te a entrada nas seguintes atracções espalhadas por Cusco e pelo Vale Sagrado:
Mas será que compensa? Olhando aos locais contemplados nos próximos dias do nosso roteiro, irás visitar menos de metade destes pontos. No sentido contrário, existe cerca de uma dezena extra de locais que requerem entrada paga e que não fazem parte do Boleto Turístico. Face ao exposto, dificilmente compensaria adquirir o bilhete geral face à compra de entradas individuais. Cientes de que a generalidade dos turistas se enquadraria na mesma situação, as autoridades lançaram por isso três versões parciais do Boleto Turístico General, subdividindo o original por três circuitos opcionais:
E é aqui que entra o “truque”! Uma vez que a intenção do governo sempre passou por impingir o Boleto Turístico General, algumas das atracções não vendem sequer entradas individuais, obrigando-te a comprar, pelo menos, o bilhete parcial de circuito. Por exemplo, se olharmos para o Circuito I, o nosso roteiro apenas inclui o local arqueológico Sacsayhuaman. No entanto, não é possível comprar bilhetes apenas para este sítio específico, pelo que a opção passa por não visitar as ruínas ou pagar o valor total do circuito. Por outro lado, aquando da nossa visita ao Vale Sagrado, iremos visitar todos os pontos do Circuito III, pelo que este bilhete parcial é um “must”. No entanto, se fizeres as contas, os dois circuitos têm o custo total de S/ 140, sendo já S/ 10 mais caros que o Boleto Turístico General. No fundo, não tens escolha.
Como tal, e uma vez que este dia será dedicado ao descanso e à aclimatização à altitude, podes aproveitar e tirar uma hora para comprar o teu Boleto Turístico General para os próximos dias. Podes fazê-lo no Gabinete Central da COSITUC, desde que devidamente munido do teu documento de identificação. O pagamento é feito em dinheiro (e apenas em Novo Sol Peruano).
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Resumo do 2º dia:
Depois de um primeiro dia de aclimatização à altitude, vais recomeçar a tua exploração a um ritmo relativamente baixo, permanecendo pelas ruas inclinadas de Cusco. No entanto, isto não significa que o dia seja menos excitante que o normal, já que a cidade tem um centro histórico absolutamente fenomenal, para muitos apenas equiparado pela beleza colonial de Arequipa (lá chegaremos). Aliás, Cusco era originalmente a principal cidade do Império Inca, com muita da arquitectura nativa a ser reaproveitada pelos espanhóis. Um dos exemplos mais claros dessa prática pode ser encontrado no Convento de Santo Domingo (S/ 15, incluindo acesso ao Qurikancha) uma igreja construída sobre um templo Inca dedicado à divindade do sol. Outrora coberto em ouro, com a pedra preciosa a ser naturalmente pilhada pelos espanhóis, do Qurikancha, nome original do templo Inca, sobra apenas o descampado, algumas salas e parte da base em pedra. Outra excelente amostra deste choque civilizacional, as muralhas da antiga cidadela Inca ainda podem ser parcialmente vistas um pouco por toda a baixa actual, especialmente ao longo das ruas Loreto e Hatunrumiyoc, duas vias pedonais antigas que mantiveram a sua traça pré-colombiana.
De resto, tanto o convento como o que resta da muralha fazem parte do Centro Histórico, o quarteirão onde se concentra a esmagadora maioria dos pontos turísticos mais populares, com destaque para a omnipresente Plaza Mayor. Epicentro da cidade, é na praça que podes visitar a Catedral de Cusco (S/ 40) e a Igreja de la Compania de Jesus (S/ 10). Também neste quarteirão, não deixes de passar na Basílica Menor de la Merced (S/ 20) nem de visitar pelo menos um dos vários museus de Cusco dedicados às artes e tradições que antecedem a chegada dos “conquistadores”, com destaque para o Museu de Arte Pré-Colombiana (S/ 20), para o Museu Inca (S/ 20) e para o Museu Casa Concha (S/ 20). Ainda no centro histórico podes encontrar o Miradouro de San Cristobal, que oferece uma vista privilegiada para a Plaza de Armas e as montanhas que circundam Cusco. Ao saíres do centro histórico, irás depois dar entrada no distrito de San Blas, um quarteirão alternativo que tem vindo a dar cartas entre os turistas. Embora mantenha as ruas adoráveis e a arquitectura antiga, este recanto de Cusco é bem mais sossegado e agradável, com menos multidões e uma colecção bastante invejável de restaurantes e bares da pinta. Embora o melhor seja simplesmente relaxar e passear pelas ruas, podes aproveitar para dar um saltinho à Igreja de San Blas (S/ 20) e ao Miradouro de San Blas, uma plataforma de observação com algumas das melhores vistas sobre a cidade.
Para terminar o dia, e para uma primeira amostra das lendárias ruínas nativo-americanas, vais subir as colinas do norte da cidade e visitar Saqsaywaman (incluído no Boleto Turístico General), o local arqueológico mais importante de Cusco. Originalmente, o formato das muralhas de Cusco formava o desenho de um puma, e Saqsaywaman era precisamente a cabeça do animal. Embora, como em muitos outros locais Incas, o curso da história não tenha sido meigo e não seja possível aferir na totalidade o propósito da construção, sobram os fascinantes vestígios da estrutura defensiva e os fascinantes recortes das pedras. Até hoje, ninguém sabe explicar como os Incas conseguiam trabalhar as rochas para que todas as pedras encaixassem de forma tão perfeita. Este local, tal como os vestígios da muralha de Cusco no centro histórico, são um dos melhores exemplos dessa façanha. Embora o processo de aclimatização à altitude possa significar que por esta altura já estarás rebentado e pronto a regressar ao alojamento, se ainda tiveres forças podes explorar o norte mais um pouco e visitar igualmente o Complexo Arqueológico de Qenqo, a uns bons 20 minutos de distância. Afinal, já que vais ter que pagar o Boleto Turístico General na totalidade, mais vale dar-lhe uso!
Resumo do 3º dia:
Agora que já conheceste Cusco e tiveste o tempo suficiente para te habituares à altitude, chegou finalmente a hora de sair da cidade e explorar a multitude de ruínas pré-colombianas que tornaram esta região num dos maiores centros turísticos do mundo! Para isso, nada melhor que abrir as hostes com uma visita ao Vale Sagrado – o nome místico dado ao Vale de Urubamba – lar de uma colecção aparentemente interminável de ruínas Incas, mercados coloridos e vilas tradicionais Andinas. Se costumam ler os nossos guias, então sabem que temos uma tendência natural que privilegia a viagem e o planeamento independente. No entanto, há que saber dar a mão à palmatória quando as tours são a melhor opção! Neste caso, e se houvesse tempo para isso, não há dúvida de que fazer as deslocações de autocarro (colectivos) e passar pelo menos 2 dias a explorar o vale traria uma experiência mais rica e completa. Porém, e se 1 dia é tudo o que temos, então o melhor é mesmo recorrer a um dos inúmeros tours disponíveis e tentar visitar o maior número de ruínas possível, optimizando assim o tempo de deslocação. Antes de avançarmos com aquilo que poderás esperar da aventura, aqui estão alguns tours que vale a pena contemplar:
Existem vários locais de renome espalhados um pouco por toda a região do vale, mas os tours mais longos e completos costumam incluir 6 paragens, a primeira das quais em Chinchero. Ainda que o ponto alto do dia sejam, indubitavelmente, as ruínas Incas da região, vale igualmente a pena assistir (mesmo de maneira breve) à forma como a vida se desenrola nas aldeias andinas do vale, sendo Chinchero um dos exemplares mais pitorescos. Para além disso, tendo em conta a altitude, acima do vale propriamente dito, as vistas das redondezas são de cortar a respiração… bom, literalmente, já que o ar rarefeito não ajuda! Começando a descida ao vale, é obrigatório parar no Sítio Arqueológico de Moray, um dos mais peculiares do dia. Visto de cima, o local mais parece um anfiteatro, com as fileiras a tornarem-se progressivamente mais largas em redor do terreno, quais anéis de estádios de futebol. Na verdade, este era um terreno agrícola Inca, e reza a história que cada “anel” tinha o seu próprio microclima. Como tal, com este método a população conseguia optimizar as suas culturas, plantando os produtos mais adequados às características de cada patamar. Não muito longe, segue-se a visita da praxe às Salinas de Maras (S/ 10), um inacreditável conjunto de milhares de pequenas piscinas cravadas directamente na encosta de uma montanha. Algumas dessas piscinas são alimentadas por uma nascente subterrânea de água salinizada, com o excesso de água a escorrer pelas restantes. Quando todas estão cheias, o fluxo de água é depois redireccionado/interrompido, esperando que a água das piscinas seque e se formem cristais de sal. Desde civilizações ainda anteriores aos Incas (que continuaram a prática) este tem sido o método utilizado para extracção e posterior comercialização de sal no Vale Sagrado!
Depois da paragem de almoço em Urubamba, a principal “cidade” do vale e sem grandes pontos de destaque para além do mercado local, segue-se a viagem até às Ruínas de Ollantaytambo, porventura o local mais impressionante e emblemático da região. Apenas ultrapassado por Machu Picchu, este complexo de templos, banhos e fortalezas é um dos grandes legados culturais da Civilização Inca, sendo que a própria vila manteve praticamente todas as suas estruturas desse período intactas, ao contrário do que aconteceu com as muralhas, caminhos e canais de Cusco. Esse pequeno pedacinho específico de memória pré-Colombiana pode ser encontrado no quarteirão de Qosqo Ayllu, embora a maioria dos tours não reserve templo extra para o passeio. O mesmo se aplica a Pinkuylluna e a Qelloraqay, outros espaços arqueológicos da vila de Ollantaytambo e que raramente são visitados. Já no moroso caminho de regresso a Cusco, a viagem é habitualmente interrompida no Parque Arqueológico de Pisac, as únicas ruínas capazes de ombrear com a magnitude e importância de Ollantaytambo. Como nota final, volto a lembrar que todas as atracções cujo preço não está descriminado estão incluídas no Boleto Turístico General.
NOTA: Se tiveres mais tempo em mãos e quiseres visitar o Vale Sagrado de forma independente, podes apanhar um autocarro local para Pisac (S/ 5) neste terminal de colectivos de Cusco. Depois de visitares o Parque Arqueológico, podes entrar noutro colectivo (S/ 5) com destino a Urubamba, onde pernoitarás. Na manhã seguinte, podes optar por contratar logo um serviço privado de táxi que te leve a Moray e às Salinas de Maras, e depois de regresso a Urubamba ainda antes de almoço (conta pagar uns S/ 75 pela deslocação e tempo de espera). Por fim, segue-se novo colectivo (S/ 3 ou 4) até Ollantaytambo, que irás visitar no período da tarde. Já na manhã seguinte, é só apanhar um colectivo de regresso a Cusco (S/ 12 a 15).
Resumo do 4º dia:
Continuando na senda dos vestígios arqueológicos Incas, temos enfim o momento por que tanto esperaste. Meus caros, sejam bem-vindos a Machu Picchu! A maior atracção de todo o Peru e, arrisco dizer, de todo o gigantesco continente Americano, esta lendária cidade Inca é uma das Sete Maravilhas do Mundo, e um dos sítios que é preciso ver para crer. No entanto, e puxando a bobine atrás, primeiro é necessário perceber como lá chegar. Cientes da popularidade deste local, e do seu relativo isolamento, existe todo um negócio montado à volta dos transportes/deslocações, sendo que a solução obrigar-te-á sempre a puxar os cordões à bolsa.
Isto porque Aguas Calientes, a cidade mais próxima de Machu Picchu, não tem ligações por estrada ao mundo exterior, deixando-te totalmente dependente do comboio (ou, para os mais corajosos, das tuas pernas). Assim, a maneira mais fácil de visitar Machu Picchu passa por recorrer aos comboios da Peru Rail e da Inca Rail, os dois operadores privados ferroviários com rotas na região Andina. No entanto, e naturalmente, esta é também a opção mais dispendiosa, com a viagem entre Cusco e Aguas Calientes disponível a partir de S/ 450 ida-e-volta. Apesar de alguns destes serviços incluírem um comboio directo entre as duas localidades, as opções mais baratas são de carácter bi-modal, e incluem o troço Cusco-Ollantaytambo de autocarro, sendo que nesta última localidade é que farás transbordo para o comboio até Aguas Calientes, tudo num único bilhete. A duração total da viagem será de cerca de 4 horas (ida). No entanto, e apesar do destino estar marcado como “Machu Picchu”, convém não esquecer que a estação final fica em Aguas Calientes, a umas boas duas horas a pé (e a subir!) da entrada da cidade arqueológica. Como tal, e a não ser que estejas na disposição de caminhar, estás totalmente refém da única empresa rodoviária que opera a rota – a Consettur. Os bilhetes para o trajecto de 30 minutos custam S/ 90 ida-e-volta (metade se só quiseres fazer uma direcção) e podes comprá-los online ou à chegada.
A opção low-cost é bastante mais barata, mas também mais morosa e cansativa. Assim, se estás mesmo nas lonas, podes apanhar um autocarro de Cusco para Hidroelectrica, a cidade mais próxima de Aguas Calientes com ligação por terra. Estes bilhetes estão disponíveis a partir da RedBus e custam S/ 120 ida-e-volta. De lá, a tua única opção passa por fazer o trilho de 10 km até Aguas Calientes a pé, ao longo da linha de comboio. Tendo em conta que só a viagem de autocarro é de quase 8 horas, isto obrigar-te-á a passar a noite em Aguas Calientes, onde o quarto duplo mais barato ronda os S/ 90 (45 por pessoa, para dois ocupantes). Assim, e comparando os custos das duas opções entre Cusco e Aguas Calientes, esta segunda alternativa (mesmo com uma noite extra) permite uma poupança de S/ 285 por pessoa face ao comboio mais barato (bi-modal). Por outro lado, acabarás a experiência com muitos mais quilómetros nas pernas – tudo uma questão de prioridades!
Agora que já falámos dos transportes, é hora de nos dedicarmos a outra saga: os bilhetes! Embora todos tenhamos a mesma imagem estereotipada de Machu Picchu, a verdade é que o parque arqueológico é gigantesco, composto por mais de 60 zonas de ruínas distintas e 400 km de trilhos. Mesmo se nos cingirmos às zonas abertas ao público, continuam a ser 60 os quilómetros passíveis de ser percorridos. Com base na extensão do local e na habitual aglomeração excessiva de turistas nas zonas mais populares, as autoridades optaram por revolucionar por completo o sistema de entradas em 2019. Ao passo que, anteriormente, era possível visitar o que se quisesse, o tempo que se quisesse e à hora que se quisesse, agora é obrigatória a compra de bilhetes com antecedência, para uma data e janela horária específicas, e com a pré-selecção de um circuito. Essa compra deve ser feita através do site do Ministério da Cultura do Peru, e estão disponíveis as seguintes versões:
Os bilhetes esgotam com bastante facilidade, por isso recomenda-se que a compra seja feita com, pelo menos, 2 meses de antecedência. Para além disso, convém clarificar que, escolhido um circuito, não podes completar outro, e se te atrasares e não conseguires entrar na tua janela horária, não te será permitida a entrada noutro horário com o mesmo bilhete. Oficialmente, cada portador de bilhete só pode permanecer no Machu Picchu durante um período máximo de 3 horas.
Resumo do 5º dia:
Para a derradeira etapa da tua estadia em Cusco, espera-te uma última day trip com base na principal cidade Andina, desta feita com destino à famosa Rainbow Mountain! Conhecida localmente por Vinicunca, estes são os picos que aparecem em feeds de Instagram por esse mundo fora, com as suas faixas de cores garridas que parecem artificialmente pintadas na paisagem (daí o apelido traduzido de “Montanha Arco-Íris”). Na verdade, e apesar da sua inegável beleza, estas cores não são lá grande sinal, resultando do degelo de glaciares próximos provocado pelo aumento gradual e inatural das temperaturas. Noutra nota, não foi coincidência termos deixado esta actividade para o teu último dia em Cusco, já que as montanhas ficam a uns inacreditáveis 5000 metros de altitude, sendo por isso importante que o teu corpo esteja já solidamente aclimatizado. Do início do trilho ao topo da Vinicunca, aguarda-te uma caminhada de 90 minutos, sendo depois necessário regressar.
Situada a cerca de 150 km de Cusco, recorrer a um tour é naturalmente a forma mais fácil de visitar a Rainbow Mountain, sendo essa a escolha da esmagadora maioria dos visitantes. Aliás, se estiveres a viajar sozinho, acaba por sair mais ou menos ao mesmo preço comparativamente com a opção independente (isto se olharmos aos tours mais baratos). Posto isto, se não te quiseres chatear, podes simplesmente ver tours online (como este, ou este). No entanto, conta com uma experiência pouco personalizada e extremamente turística, e – se me permitem – não tão intrépida como a versão “DYI”. Antes de te apresentar essa opção, contudo, é importante ressalvar que terás um voo ao final da tarde até Arequipa, pelo que é de extrema importância que garantas que chegas a Cusco atempadamente. Se não conseguires acomodar essa garantia, então optar por um tour organizado é a melhor escolha. Prontos então para a alternativa independente? Se quiseres fazer as coisas à tua maneira, então irás começar por apanhar um colectivo em Cusco rumo a Sicuani, sendo que deves informar o motorista de que queres sair em Cusipata. Esta viagem terá a duração de cerca de 2h30 e o custo de S/ 10 a 15, com o autocarro a partir deste terminal. Chegado a Cusipata, podes depois negociar um táxi até Chillihuani, onde começa o trilho até ao topo da Vinicunca. Pelo percurso ida-e-volta + tempo de espera (umas 3 horas), conta pagar cerca de S/ 120. Tem também em conta que todos os visitantes devem pagar S/ 30 para entrar na reserva e poderem completar o percurso. De regresso a Cusipata, é só voltar a apanhar um colectivo rumo a Cusco, onde terás à tua espera o tal voo até Arequipa!
Resumo do 6º dia:
Conhecida como a “Cidade Branca”, à conta do tom uniforme da maioria dos seus edifícios históricos, Arequipa é considerada uma das cidades mais bonitas do Peru, e aquela que ostenta a melhor e mais bem preservada herança colonial. Como tal, hoje irás mergulhar a fundo nas ruas do seu magnífico centro histórico, começando com a visita ao Mercado de San Camilo, um dos maiores de todo o país. Para além dos frescos tradicionais, o mercado é também conhecido pelas banquinhas de cuy assado… o nome dado pelos locais aos porquinhos-da-índia! Daí, seguirás para o coração da cidade, como sempre denominado de Plaza de Armas, onde podes visitar a Catedral de Arequipa (S/ 10). Embora o Peru tenha igrejas belíssimas em todo o território, esta é uma das maiores e mais emblemáticas, com a sua tradicional pedra branca a brilhar sob a luz do sol. Pelo meio, não deixes de visitar a Igreja de la Compania, nem o Museu dos Santuários Andinos (S/ 25). Se é certo que por esta altura já estarás um verdadeiro “expert” em tudo o que esteja relacionado com os Incas e outras civilizações pré-colombianas, este museu continua a ser um dos mais interessantes que encontrarás neste roteiro, exibindo todo o tipo de relíquias oriundas dos vários povos nativos dos Andes. Das peças em exibição, destaca-se a famosa Múmia Juanita, o corpo perfeitamente preservado de uma adolescente que serviu de sacrifício humano nos idos do Império Inca.
De volta às ruas, a tua próxima paragem terá lugar no Mosteiro de Santa Catalina (S/ 45), um complexo religioso que mais se assemelha a uma cidadela, famoso pelas suas pracetas escondidas, ruelas labirínticas e fachadas pintadas em cores garridas. Nas proximidades, embora bem menos impressionante, podes também visitar o Mosteiro de Santa Teresa. Depois, irás atravessar as delimitações do Centro Histórico e entrar no distrito vizinho de San Lazaro, um bairro colonial de ruas em calçada com uma atmosfera mais pacata e pitoresca (especialmente nas Ruas Bayoneta, Violin e Los Cristales). De resto, é também aqui que encontrarás o Mundo Alpaca, uma espécie de combinação entre museu e zoo biológico, onde podes ter contacto próximo com os Alpacas e descobrir como o pelo destes animais sempre foi utilizado pelos povos nativos andinos para o fabrico de têxteis. Um bom local para pequenos e graúdos! Já com o dia a caminhar para o final, vais atravessar a Ponte Grau para o lado oposto do Rio Chili e subir até ao Miradouro de Yanahuara. Palco da melhor vista em toda a Arequipa, daqui podes desfrutar de uma panorâmica de todo o centro histórico, com o imponente vulcão Misti a adornar a paisagem.
Se estiveres à procura de um local para ver o pôr do sol enquanto bebericas um pisco sour, o terraço do Hotel Katari Plaza de Armas oferece uma vista estonteante da Catedral, ladeada pelos míticos vulcões.
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Resumo do 7º dia:
Chegados ao teu último dia em terras peruanas, aguarda-te uma etapa de emoções fortes! De um ponto de vista puramente natural (isto é, sem qualquer intervenção humana), a atracção turística mais popular e impressionante do Peru, a par do Lago Titicaca, da Rainbow Mountain e da Amazónia Peruana, será, sem margem para grandes dúvidas, o imenso e esmagador Colca Canyon! Por sorte, este local fica situado a uns 200 km de Arequipa, o que significa que poderás visitá-lo por meio de uma day trip a partir da “Cidade Branca”. Como em muitos outros casos no país, conseguir visitar o desfiladeiro de forma independente acarreta um desperdício de tempo nem sempre condizente com os roteiros limitados da maioria dos turistas, razão pela qual quase todos os visitantes optam por se juntar a um tour guiado como este. Praticamente todas as visitas guiadas seguem a mesma estrutura, com o dia a começar de madrugada (pelas 3h00) e a terminar ao final da tarde, incluindo as passagens obrigatórias no Miradouro Cruz do Condor, na vila de Chivay, nas aldeias tradicionais situadas ao longo do vale e na Reserva Nacional Salinas y Aguada Blanca. A maioria da oferta guarda ainda espaço para um mergulho opcional nas Termas Chacapi (S/ 15). Tem ainda em atenção que a entrada no Colca Canyon tem um custo extra de S/ 70.
Por outro lado, nenhum destes tours te permite fazer trekking no desfiladeiro propriamente dito, proporcionando-te apenas a possibilidade de desfrutares das vistas. Impressionante à mesma, ou não fosse o Colca Canyon duas vezes mais profundo que o lendário Grand Canyon, mas longe de ser a solução ideal para os entusiastas dos trilhos. Posto isto, se quiseres visitar este sítio de forma independente e passar pelo menos dois dias (impossível numa day trip) a completar diferentes caminhadas, terás que começar por apanhar um autocarro/colectivo entre Arequipa e Cabanaconde (disponível na RedBus a partir de S/ 35), a vila onde começam os percursos mais populares. Para debutantes, a melhor rota será o circuito em loop que liga Cabanaconde-San Juan de Chuccho-Sangalle-Cabanaconde. Este trilho tem uma extensão de quase 20 km e pode perfeitamente ser completado em 2 dias, com a noite a ser passada numa das pousadas ou homestays de San Juan de Chucco (ou, se caminhares a excelente ritmo, nos eco-lodges do Oásis de Sangalle, nas margens do Rio Colca). Ao longo do trilho, vais passar em diferentes miradouros e aldeias tradicionais, permitindo-te uma experiência muito mais imersiva, mesmo que, tecnicamente, até visites menos pontos turísticos. No fundo, tudo depende do que valorizes mais! De regresso a Cabanaconde, é só embarcar noutro colectivo (S/ 35) para Arequipa. Embora não seja particularmente desafiante ou perigoso, o último troço entre Sangalle e Cabanaconde (sempre a subir) é mesmo muito cansativo, por isso convém estar minimamente em forma e ambientado à altitude.
Seja como for, se visitares o Peru durante apenas 8 dias, a única opção viável passa pelo tour organizado, sendo que terás a garantia de chegar a Arequipa ao final da tarde, com os últimos voos para Lima, onde te aguarda a longa ligação de regresso a casa, a partirem já pela noite.
Resumo do 8º dia:
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